A curiosidade em conhecer o canyoning das Astúrias ou da Galiza vinha de longe, com alguma expectativa de comparação com o nosso magnífico Gerês.
Mas com pouco tempo tínhamos de escolher só um destes objectivos. Os dois numa única viagem de 4 dias seria apenas passar o tempo a viajar e ver paisagem. “40 barrancos de Asturias”, publicado pelas Ediciones Desnivel em 2008, foi a base para nos decidirmos pela proximidade aos Picos da Europa e serviu também para escolher os objectivos, graças à listagem comparativa incluída no livro.
Decidimos optando não só pelos mais bem classificados (4 ou 5 estrelas), mas também tendo em conta a dificuldade, duração da descida e acessibilidade.
A curiosidade era grande e quanto à classificação dos canyons, a questão é “qual o termo de comparação”, pois já temos o nosso Gerês, o Alvão e a Freita, com descidas fantásticas. Portanto a fasquia era muito alta logo à partida.
Saímos do Porto às 20h30 e bivacámos
Depois da leitura do guia, muito comentada entre todos durante a viagem nocturna, a selecção do primeiro objectivo estava feita e confirmada. Aliás, essa leitura praticamente definiu os 7 ou 8 objectivos possíveis para os 4 dias, tendo em conta o facto de só termos um carro e de pretendermos fazer alguns dos mais bem classificados (de entre os 40 barrancos apenas 10 são de 4 ou 5 estrelas e de dificuldade média-alta ou alta).
Descobrimos algumas semelhanças por exemplo com a Madeira, devido à vegetação densa e abundante, ao verde constante de árvores e musgos, e também pela dimensão das paredes, altas e escarpadas, com canyons muito encaixados e sem qualquer hipótese de saída.
A diferença estava na rocha, agora em calcário, portanto fazendo lembrar Guara, por oposição aos basaltos da Madeira e Açores, ou ainda muito diferente dos granitos do Norte de Portugal.
Caracteriza-se ainda por uma diversidade ambiental particular, nomeadamente em termos de flora, de geologia e de relevo, o que constitui um atractivo extra, inclusive pelos frequentes percursos longos de acesso ou de regresso que é necessário prever.
O livro “40 barrancos de Asturias” insistia na conveniência de levar material para equipar, devido ao extremo encaixe de algumas descidas e também porque aqui não há o vício de equipar em quantidade como em Portugal. Mas tivemos a tarefa facilitada, pois encontrámos tudo relativamente bem equipado. Pudera, estávamos em Setembro, com a época desportiva de canyoning quase a acabar e antes dos grandes caudais de Inverno, que destroem muitas amarrações.
Encontrámos algumas reuniões naturais bem interessantes, fazendo lembrar por exemplo o barranco San Julian, em Guara.
Nestes quatro dias podemos constatar que tivemos sorte, já que apenas no último a descida planeada foi boicotada pelo mau tempo.
Quanto aos canyons feitos, a opção foi para o Viboli, o Ríu l’Texu, o Tolivia e, para terminar, o Causacas.
Para começar o Viboli, com acesso e regresso fácil, soube a pouco, por ser curto e fácil, mas era o que convinha depois da longa viagem. Foram 2 h para um desnível de
Depois o Ríu l’Texu encheu as medidas:- uma caminhada de 2h, lindíssima, no meio de bosque ou entre falésias e depois um bom canyon, incluindo 12 rapéis, até
O terceiro foi o Tolivia, também com uma caminhada interessante, mais árida que a do Texu, mas com uma vista fabulosa para o Desfiladeiro de Los Beyos. O canyon começava seco (como o Fornocal-Guara) mas logo após o 2º rapel tinha 2 exsurgências que o alimentavam com um caudal bastante razoável. Canyon classificado como 5 estrelas e dificuldade média a alta consoante o caudal.
Conhecendo a previsão meteorológica, que era instável, e como no dia seguinte seria o nosso regresso ao Porto (e no meu caso seguia ainda para Lisboa de noite), optámos por nos aproximar de Oviedo e tentar um canyon situado na bacia hidrográfica do Nalón. Mas de caminho fomos passear a Cangas de Ónis, antes de seguir até Proaza, já a sudoeste de Oviedo.
Para último ficou assim o Causacas (canyon classificado como 5 estrelas e dificuldade média-alta). Infelizmente não passou de um projecto, porque o mau tempo foi-nos visitar e por precaução não iniciámos a descida. A tentativa ficou-se pela longa marcha de subida até ao inicio, exactamente onde o chuvisco se transformou em forte chuvada; e foi o regresso, pelo mesmo caminho na floresta densa mas já com lama cada vez mais profunda.
Valeu ouvir “
Partida da aldeia de Proaza às 15h30 e chegada ao Porto pelas 20h30.
E assim foram os nossos 4 dias de Canyon, incluindo cerca de
Conclusão: apesar do tempo nas Asturias ser instável apanhámos 3 dias excelentes. Dormimos sempre ao ar livre em parques de merendas e quase todos com um rio mesmo ao lado. No último dia íamos tendo azar, com a policia a vir ter connosco dizendo que era proibido “acampar” neste tipo de locais e que tínhamos de ir embora (com o seu castellano fluente a Cristina conseguiu evitar a multa).
Paulo Alves
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